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Para nós são apenas... doces!

     Existem plantas de conhecida toxicidade quando ingeridas por mamíferos, inclusive o homem. Não obstante, suas flores são bastante procuradas pelos beija-flores. Os observadores de aves não relatam morte ou debilidade dessas aves nas proximidades dessas flores, mesmo quando abundantes em determinadas áreas. Como é possível? Pode haver diversas respostas para essa questão. Em linhas gerais podemos entender que princípios ativos podem não existir no néctar ou existirem em baixas concentrações ou ainda, os beija-flores podem ser imunes a eles.

 

     

 

O néctar da flor da Spatodea campanulata (Bignoniaceae) é muito citado como sendo tóxico para determinados insetos, especialmente abelhas, mas é disputadíssimo por várias espécies de beija-flores. A planta é de origem Africana e recebe o nome popular de Árvore-tulipa. Pode ser encontrada em todas as regiões brasileiras. Na foto o beija-flor Chlorestes cyanus (macho).

 

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     Certas plantas podem ser mais tóxicas em algumas partes e menos em outras (caule, folhas, raízes ou frutos). Então, dependerá de como for consumida, em que quantidade e em que época. Eu não encontrei estudos envolvendo diretamente beija-flores e plantas tóxicas. A maioria dos estudos sobre toxidade de plantas está relacionada com os interesses voltados para a pecuária. Sei por observação que estas aves gostam  de se alimentar em várias das suas flores. 

 

 

     

 

Plantas tóxicas e beija-flores

 

     Na imagem acima, o raro beija-flor da Chapada Diamantina, Colibri delphinae greenewalti e as flores da Palicourea marcgravii (Rubiaceae), também conhecida por Erva-de-rato ou Bate-caixa.         Essa talvez seja a planta tóxica de maior importância para estudos no Brasil. Sua larga distribuição geográfica e toxicidade  fazem dela uma campeã em mortandade nos rebanhos bovinos, equinos e ovinos. Há relatos de que no passado, partes dessa planta (casca, folhas e frutos) eram usadas em misturas com outros alimentos para matar ratos.

 Ela cresce vigorosamente nas bordas das matas e em pastagens mal cuidadas, principalmente, depois das queimadas. Seu sabor palatável faz com que não seja rejeitada pelos animais de pasto e seu efeito é fulminante. Bastam pouco menos de um grama por quilo de peso naqueles herbívoros para causar agonia e morte súbita. No entanto, os beija-flores apreciam muito o néctar das suas flores e são seus principais polinizadores.       VEJA MAIS 

     O gênero Palicourea da família Rubiaceae compreende cerca de 200 espécies diferentes que podem ser encontradas desde o México até a Argentina. Na foto, uma fêmea de Chlorostilbon lucidus encontra alimento no néctar das flores da Palicourea aenofusca.  

 A planta é tóxica tal como Palicourea marcgravii. Quanto ao néctar, tudo indica não haver problema para estas aves. 

 

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Exemplar jovem de Glaucis hirsutus e flores da Asclepias curassavica (Apocynaceae), uma planta herbácea que nasce de sementes trazidas pelo vento. A Asclepias é de pequeno porte e é considerada uma erva daninha. Cada semente possui uma pluma e assim são dispersas pelo vento. Essas plumas são muitas vezes colhidas pelas fêmeas de beija-flores que as usam na confecção de seus ninhos. A planta também é conhecida como Falsa-erva-de-rato e pode causar intoxicação dependendo da quantidade ingerida. Suas folhas são o único alimento das lagartas da borboleta Monarca (gênero Danaus) que é imune às suas toxinas. Isso faz com que os pássaros não se alimentem dessas lagartas. O néctar é apreciado por insetos, especialmente por borboletas e alguns beija-flores também o disputam. Em muitos outros países, a Asclepias é comercializada como planta ornamental.                  VEJA MAIS 

Chrysolampis mosquitus (macho) pousado no ramo de Cnidoscolus bahianus (Euphorbiaceae), conhecida popularmente pelo nome de "Cansanção". Esta planta nativa de áreas da Caatinga dos estados do Nordeste possui espinhos urticantes. É bastante comum e produz flores por muitos meses do ano, sendo uma ótima provisão de néctar em uma região aparentemente estéril.

 

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Lantana camara (Verbenaceae),

ou Cambará, ou ainda Camará e também Chumbinho, é comum em toda a América do Sul. A da foto é a variedade silvestre, mas a planta é disponível em muitas variedades e cores para uso ornamental. As flores tubulares e pequenas são disputadíssimas por todos os beija-flores, especialmente os de bico curto como este macho de Lophornis magnificus. Muitas pessoas alegam que a planta tem propriedades medicinais porém é provável que oculte perigos aos descuidados.

 

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Euphorbia pulcherrima (Euphorbiaceae) ou Bico-de-papagaio é uma planta muito popular por ocasião das festas Natalinas. A seiva leitosa dessa planta causa queimaduras e se atingir os olhos, pode causar graves lesões nas córneas e até cegar. É muito comum nos jardins e suas flores são muito populares aos beija-flores.

Um macho jovem de Heliomaster squamosus pousa em suas brácteas. O néctar, como em muitos outros casos é bastante apreciado

 

 

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Gladiolos hortulanus ( Iridaceae), planta de origem africana. São centenas de variedades já conhecidas dos jardineiros há dezenas de anos. Sua toxicidade é moderada sim, mas deve ser tratada com cautela. Lembro-me dos meus tempos de criança em que arrancávamos as flores para chupar o néctar pela parte de trás.  Beija-flores como esta fêmea de Lophornis magnificus também as apreciam.

 

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Jatropha podagrica (Euphorbiaceae)

é nativa da América Central e Antilhas e

também é conhecida como "Batata-do-inferno".

A planta inteira é muito tóxica, principalmente as sementes. Sua rusticidade no trato a faz popular para uso em jardins. Aparentemente o néctar não possui toxidade pois é bastante procurado por beija-flores e borboletas. Mas como já foi mencionado, uma suposta toxicidade existente nessa parte pode não afetar estes seres. Recomenda-se cautela com a planta. Um macho de Lophornis magnificus repousa em um dos ramos florais.

Arrabidaea corallina (Bignoniaceae) é planta silvestre das regiões do agreste. O verde da sua vegetação e o lilás das suas flores a destacam por entre a vegetação ressequida da Caatinga. Causa intoxicação e morte nos bovinos e caprinos principalmente. Na foto suas flores são visitadas por um

Phaethornis pretrei.

Caesalpinia pulcherrima (Fabaceae),

Nomes Populares: Flamboianzinho, Ave-vermelha-do-paraíso, Barba-de-barata e vários outros. A planta inteira é tóxica, inclusive abortiva, no entanto qualquer entusiasta de beija-flores costuma tê-la lista de plantas para seu jardim, dada a sua popularidade para com essas aves, como este Chionomesa lactea .

 Porém a cautela deve ser mantida se houver crianças e animais herbívoros nas proximidades.

Duranta erecta (Verbenaceae), também chamada de Violeteira ou Pingo-de-ouro é originária do México e América Central. Pode ficar com o porte de uma pequena árvore. Existem registros de ter causado morte em crianças e animais de estimação, pela ingestão de seus pequenos frutos. São os mesmos frutos que servem de alimento para diversos tipos de aves. O néctar das suas pequenas flores é disputadíssimo por beija-flores de pequeno porte, como este macho de Lophornis magnificus.

 

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Alstroemeria psittacina (Alstroemeriaceae), planta comum em regiões de Mata Atlântica, mas também é muito usada em jardins e praças. Sua rápida floração e rusticidade a fazem popular entre os cultivadores. Sua toxicidade é moderada. Atrai muitos beija-flores, principalmente no período da manhã. Na imagem, um macho de Thalurania glaucopis.

Erithryna speciosa (Fabaceae), também chamada de Flor-candelabro ou Mulungú. A planta inteira é tóxica, com especial destaque para as sementes, semelhantes a feijões. Existem várias outras espécies e todas são merecedoras de atenção. É muito utilizada em praças e jardins, devido à beleza das suas flores e baixo custo de manutenção. Em seu estado nativo, ela cresce principalmente em terrenos alagados. Sua bela florada, que se inicia por volta do mês de junho é um evento muito aguardado por todas as espécies de beija-flores. Na imagem, um exemplar macho de Anthracotorax nigricolis inspeciona as flores.

Leonotis leonuros (Lamiaceae), e o beija-flor Glaucis hirsutus.

Plantas do gênero Leonotis, são originárias do Continente Africano. 

Em cada tubo floral, existe uma generosa gota de néctar que tanto beija-flores como insetos disputam. As flores e as sementes possuem substância alucinógena e estimulante que os antigos feiticeiros Zulús usavam no preparo de "poções" a serem dadas aos guerreiros antes dos combates. Segundo a crença, isso os tornava destemidos e invencíveis. 

Nos fundos do meu quintal, tenho muitos pés de Leonotis e os beija-flores passam muito tempo por lá.

É um excelente suprimento de néctar disponível por vários meses no ano. Nunca observei qualquer comportamento anormal nestes "meus beija-flores".

Leonotis nepetaefolia (Lamiaceae) e Lophornis magnificus - macho.

Arrabidaea japurensis - Bignoniaceae

Planta comum e mais encontrada às margens de rios na Floresta Amazônica.  Sua ingestão pode causar morte em animais de pasto. O perigo maior para estes, dá-se na época das secas, quando as margens dos rios recuam e os animais entram nas áreas antes alagadas para alimentar-se. 

O beija-flor é um macho de Hylocharis sapphirina.

Hylocharis sapphirina_123A9986 Arrabidae
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